Esse é apenas o segundo #RaquelResponde desde que o site foi criado, e eu sinto um grande prazer em escrevê-lo. Talvez, porque eu sempre gostei de ouvir e de contar histórias.
No post anterior, eu falei um pouco sobre lenços e das diferenças para o cachecol, a echarpe e o xale (clique aqui se você não leu). Hoje, eu vou falar do mais famosos dos lenços: o carré, da Hermès.
Antes, vou te contar um pouquinho da história da marca francesa, caso você não a conheça.
Luxo e tradição
A Hermès foi fundada em 1837 por Thierry Hermès, um alemão que se mudou com a sua família para Paris, onde aprendeu técnicas de fabricação em couro. A pequena oficina iniciou suas atividades produzindo couraças, arreios para cavalo e arneses de ferro para o comércio de carruagens. Logo a Hermès passou a ser um importante fornecedor da aristocracia por toda a Europa.
O negócio da família seguiu por gerações. No entanto, foi apenas no final do século XIX e início do século XX que começou a produzir malas, bolsas e casacos de couro.
Apesar de nunca ter abandonado a produção de selaria, a Hermès é uma marca de moda e seus negócios atuais envolvem roupas, bolsas, acessórios, relógios, perfumes, maquiagens, entre outros itens, sendo a segunda marca de luxo mais valiosa do mundo.
O famoso quadrado
Carré, que significa quadrado em francês, é o nome dado ao lenço de seda que mede 90 cm, existe desde 1937 e foi lançado no centenário da marca. O primeiro desenho foi feito por um membro da família Hermès, Robert Dumas, e trazia a xilografia de um jogo.
Setenta anos depois, dezenas de artistas criam desenhos com temas específicos para cada lenço, que leva, também, as iniciais de quem o criou.
São desenhos que passam pelas tradicionais carruagens e escudos reais as estampas futuristas.
Carré 90 Double Face Pain Shar Pawnee
Os lenços são produzidos em Lyon, na França – a cidade é conhecida mundialmente por sua excelência em produção de seda. Já os fios de seda utilizados para a fabricação do tecido são brasileiríssimos. É aqui, mais precisamente no interior de São Paulo e Paraná, que surge a matéria prima para a produção do famoso lenço.
O processo é artesanal, a serigrafia (que é como se fosse a impressão do tecido) é feita peça por peça. Em média, um carré tem 27 cores, mas pode chegar até 42. As bainhas são enroladas e costuradas à mão. Um único lenço pode levar seis meses para ficar pronto e custa em média 500 Euros, no site francês da marca.
Além do carré
Ele foi o primeiro, mas não o único. Depois, vieram outros tamanhos do clássico quadrado, com 70 e 140 cm. Em 1980, a Hermès criou o “gavroche”, em português: jornaleiro. O modelo foi inspirado nos lenços masculinos, medindo 45 cm e tecido plissado. Em 2001, sob o comando criativo de Martin Margiela, foi criado o “losange”, a peça muito provavelmente recebeu esse nome devido seu formato.
Gavroche 45 Voitures Exquises Détail
Losange Jacquard Quadrige, Moyen Modèle
Lenços são vistos com maior frequência nos pescoços – apesar de Jacqueline Kennedy tê-los usados envoltos na cabeça, e de Grace Kelly ter feito o famoso carré de tipóia quando fraturou o braço – a própria marca fez um guia com ilustrações de como amarrar e transformar as peças em top, sacolas, alça de bolsa, faixa de cintura. Isso me faz lembrar da frase de Maria Schaefer, coordenadora criativa da Hermés.
“Não respeite o carré. Ouse criar. Trate-o até com certa dureza!”
Em qualquer formato, de qualquer tamanho. Seja por história, por tradição, por luxo, ou simplesmente porque sim! O carré é desejo de muitas mulheres.
Um beijo e até a próxima.